Estar sempre disponível tem preço. Não se priorizar tem preço. Quase sempre, muito mais caro para você do que dar um “não” para alguém sem noção que não sabe a hora de parar de te pedir ou demandar coisas. Vamos aproveitar essa euforia de início de ano, das trocentas listas e incluir mais uma linha aí? Hahahahahha
Esta semana, me vi diante de talvez… umas 5 situações em que este tema veio gritante ao meu olhar e achei que seria perfeito para um vídeo no canal (está no ar, é só clicar aqui).
Ser disponível tem 2 lados e vamos olhar pela perspectiva de ambos, para não cairmos no erro do mimimi da vitimização, tá? Afinal, se alguém explora é porque a outra parte, de alguma forma, não deu um ‘CHEGA’ em algum momento, por qualquer motivo que seja!
Disponível é um adjetivo quase sempre interpretado de forma positiva. Ser humano adora sair bem na fita.. e quem não gosta de ser amado, apreciado? Não conheço 1 pessoa. Todas buscam aceitação em maior ou menor escala, assumidamente ou implicitamente.
Acontece que quando a disponibilidade pessoal se torna um padrão, ela age entre duas partes: a que dispõe e, a outra, que se beneficia.
Isto acontece comumente em relações familiares, amorosas, amistosas, profissionais… E tudo bem se a disponibilidade existe em equilíbrio ou em harmonia.
Por exemplo: estive por meses dependente de pessoas para me levar de um lado a outro (inclusive farmácia e mercado. Tive MUITOS amigos queridos disponíveis a me ajudar). Da mesma forma, sou uma amiga disponível para ajudá-los, sempre que me pedem ajuda ou que sinto que posso colaborar com eles. Sinto equilíbrio nestas relações.
O lado negativo da disponibilidade não vive em equilíbrio e nem em harmonia. Ele praticamente, mostra um dos lados em postura servil e o outro absorvendo os benefícios. E aí é que reside o perigo de ser ‘disponível’. E se o primeiro lado ainda calha de ser algúem com padrão de medo de rejeição, pense no prato cheio que o lado beneficiado ganha sempre…
Pessoas tem projeção a nosso respeito (e não nos iludamos, temos projeções a respeito delas, também) e todos se acomodam com a vida servil uns dos outros.
O fato de mudarmos a chave quando notamos que nossa disponibilidade está sendo usada de forma abusiva pelo outro e decidirmos não mais servir quando o outro quer, mas, sim, quando nós queremos/podemos/devemos (e neste caso nem cabe o verbo servir, mas auxiliar) não significa em nada que o outro lado aceite isto numa boa ou até mesmo que entenda o recado.
Aliás, a probabilidade maior é que a pessoa que tem a torneirinha fechada sinta um tremendo incômodo seguido de estranhamento, com frases do tipo “Você mudou, não é a mais a mesma”. “Cadê aquela pessoa legal que eu conheci?” [sim, egoístas usam esses gatilhos para nos deixarem com culpa, não caia nessa]. O que não é, mas deveria ser dito: “Cadê aquela pessoa que vivia fazendo tudo que eu queria e não me dava trabalho de dialogar porque me servia quando eu queria, do jeito que eu queria?”. Ela vai morrer de sede porque a torneirinha fechou. Quem curte sentir sede?
É muito importante analisarmos mais nossa vida sem tanto mimimi, sem tanta inflamação. Olhar com olhos de verdade nua e crua o quanto alimentamos no outro determinado tipo de comportamento.
Deixar de ser disponível 100% do tempo pode ser ruim para quem foi criado para ser amado 100% do tempo. Várias vezes, sinto culpa quando nego alguma coisa a alguém. Isto é um ponto que ainda está em trabalho em mim… Mas, tento, sempre que a culpa chega, pensar se este NÃO ao outro é um SIM a mim. Penso se estou sendo egoísta numa forma ruim, ou se estou sendo justa, numa forma boa. E por aí vou ajustando meus pontinhos…
Cuidar do próprio espaço é autoestima e valor próprio e não precisa, nem de longe, ser uma ação agressiva. Se alguém pede um favor a você que, claramente, é exploração é totalmente possível dizer “Olha, neste momento, não consigo te ajudar com tudo isso. Vejo aqui o quanto consigo adiantar pra te ajudar, e aí já diminui a sua carga com o assunto, ok?”
Você não foi explorada, mas deixou claro que pode AJUDAR dentro do SEU possível.
O outro lado da moeda
Se mostrar disponível o tempo todo não nos faz só vítimas.
Tem quem a-d-o-r-e sentir-se necessário para depois culpar o planeta pelo empenho não-reconhecido, o que também não é saudável e sequer faz sentido.
Tem que se mostre disponível porque, lááá no fundo, tem um padrão controlador terrível e, deixando todo mundo dependente de si, fica com a faca e o queijo na mão.
Tem quem ame um drama e mesmo ciente da ‘exploração’ que sofre, faz mas porque sabe que depois vai jogar tudo na cara do outro, achando que sai por cima.
É muito importante analisarmos mais nossa vida sem tanto mimimi, sem tanta inflamação. Olhar com olhos de verdade nua e crua o quanto alimentamos no outro determinado tipo de comportamento. E se lendo isso, uma parte sua gritar comigo “Imagina!” leia tudo de novo. Aconselho que leia várias vezes. Nosso ego ama uma vitimização… Dá muito menos trabalho sair de vítima do que assumir nossa parcela nas reações que sofremos pela atitude do outro conosco…. No exceptions.
Bora pro vídeo?