Queda na venda do batom por causa das máscaras: seria 2020 o ano dos olhos?

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A Covid sacudiu as estruturas de consumo no geral mas a queda na venda de batons pode indicar algo mais profundo do que somente a crise de vendas por causa do uso de máscaras.

Recebi um DM de uma amiga com uma chamada para a matéria da Veja que enfatizava a queda nas vendas de um dos itens quase à prova de crise, no mundo todinho: o batom.

Pode parecer uma legenda qualquer, mas ela me fez refletir muito sobre os novos tempos, o consumo do item em si e, sobretudo, dos parâmetros que a mulher, hoje, realmente leva em conta para se sentir feminina.

“Além do uso cosmético, o batom funciona também como medidor econômico. Por ser item de preço relativamente baixo e resultado imediato, ele se tornou aliado feminino em tempos de crise, dose extra e barata de autoestima. O efeito de crescimento de vendas foi visto nos EUA, por exemplo, após o ‘crash’ da bolsa de 1929 e em 2001, depois dos ataques terroristas de 11 de setembro. No entanto, agora tem sido diferente. Muito por causa do isolamento social e do uso de máscaras, o produto mostra uma queda no mercado”.

IG da Veja 

Batom: símbolo de feminilidade, por décadas

Se você fizer uma busca rápida pela internet, encontrará uma infinidade de textos e matérias explicando que o batom não só é o item de maquiagem mais vendido (o que corrobora a legenda da Veja) como também é um produto com o qual a mulher tem uma relação emocional.

A gente encontra termos como “é o item de beleza que faz você se sentir segura”,
“transmite confiança” faz a “mulher se sentir bonita” e “um batom sempre salva”.

Além de ter sido considerado por muito tempo um salva-vidas do humor, da cara abatida e do orçamento apertado ‘mas, com cara digna’ ele também foi atrelado à intenção de sedução. Imagens na vida e no cinema não faltam.

No meio dessa pesquisa, você também encontrará muitas declarações de empresas afirmando que cada mulher tem, em média 4 batons em uso simultâneo.

O ressignificar do que é ser feminino

Quando a Dani me encaminhou o post da Veja, parei para refletir (foi o momento em que senti a inspiração para este post e queria demais a sua opinião).

É lógico que a Covid realmente sacudiu as estruturas de consumo no geral (para alguns itens, para cima e, para outros hábitos de consumo, para baixo) mas estou aqui pensando se, no caso do batom e do estigma em volta dele, a coisa não seria um pouco mais profunda.

Antes do Coronavirus decidir que teria seu lugar nos holofotes globais e que estava muito a fim de conhecer o mundo e romper fronteiras, questões relacionadas à quebras de paradigma do que é ser feminino já rondavam nossas vidas e nem tão timidamente assim.

Fazer unha ou deixá-las sem esmalte, usar batom ou pular a etapa, ter o cabelo tingido ou assumir os brancos, depilar ou não depilar, vestir ou não vestir, marcar formas anteriormente ‘obrigatórias’ se quiséssemos mostrar feminilidade ou assumir ser chamada de ‘saco de batata na rua’, são questões levantadas com respeito individual às escolhas e anos antes de pandemia.

Não deu tempo de vermos o declínio da venda dos batons por eles mesmos, o Covid chegou antes.

Mas, realmente me questiono se essa diminuição não teria a ver também com nosso novo olhar ao feminino independente de recursos para sê-lo.

Para não ficar no etérico, trago a coisa toda para a minha realidade: AMO cores e formas, você sabe disso. Trabalho com isso! Mas nem de longe me sinto tendenciada a usar batom se não estou a fim. Aliás, já saí maquiada, curtindo muito os traços e as cores que fiz em mim sem batom. E vou de boa. Concordo que, na ausência de todas as outras cores, ele até cumpre um papel mas não me vejo mais enquadrada nessas opções que listei acima para parecer mais ou menos feminina, sabe?

Seria 2020 o ano da ascensão dos produtos para olhos?

As máscaras são fator inibidor do colorido na boca, fato. E, se elas são item de sobrevivência por enquanto, para onde vai, portanto, nossa escolha na olha de dar um ‘up’ no visual para sair de máscara?

Olhos.

Nada me espanta e posso até estar cantando a próxima bola dos títulos relacionados ao segmento de beleza: aumento nas vendas de cosméticos (skincare, principalmente) para a região dos olhos, lápis de olho, sombras, máscara de cílios e produtos para sobrancelhas.

Quem mais entra no bolão de apostas com a Tininha aqui?

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