A biossegurança e o comércio varejista de cosmético, pós-pandemia: como ficaremos?

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Acessórios descartáveis, protetores, displays de demonstração (testers), lenços, luvas, máscaras, álcool …e a lista não acaba com as possibilidade de proteção máxima ao consumidor e à equipe interna das lojas.

Diante do cenário peculiar que vivemos, o que esperar e quais medidas podemos adotar?

Franquia da Quem Disse, Berenice? no Shopping Frei Caneca, em SP, antes da pandemia

O que é Biossegurança

Biossegurança é o termo aplicado ao conjunto de procedimentos adotados em áreas da saúde, como: estética (incluindo a cosmética), a odontologia, a reabilitação, para citar algumas, que assegura segurança e proteção a ambos os lados: o do profissional e do cliente.

Com a retomada gradativa do comércio em muitas cidades, o tema tem sido amplamente debatido para garantir que tanto as lojas quanto os clientes tenham o máximo de segurança possível.

Compra por impulso e os cuidados de prevenção

É impossível falar de varejo de loja de beleza (maquiagens e cosméticos) sem pensar naquele colorido todo dos displays. O uso de displays com os chamados ‘testers’, materiais e produtos de demonstração (que a gente chama de demo, também) é muito comum e sempre foi uma das formas mais práticas de garantir uma experiência mais real, no interior da loja.

Praticamente, todas as lojas que vendem maquiagem e cosmético tem displays que não só facilitam a experiência do usuário, como agilizam os processos de decisão de compra (funcionam muito mais do que deixar o cliente segurando embalagens fechadas, olhando pra uma e para outra, comparando cor em visor externo ou identificação). Provar o produto diminui margem de rejeição e de devolução do produto.

Além disso, existe o fator emocional. Comprar cosméticos é sensorial a partir da visão. Quantas vezes você saiu sem pensar em mais um lápis de olho ou uma sombra e só de ver aquele arco-íris quase Faber Castell no corredor do shopping, decidiu dar uma ‘passadinha’ no interior da loja?

Uma coisa é certa: mostruários como conhecíamos até agora estão fora de cogitação por pelo menos um ano. De um lado, vamos ter marcas precisando repensar o formato e abraçar cada vez mais a experiência digital – o comércio online aqui ainda me parece a opção mais segura e visualmente interessante.

Aí, a gente esbarra na realidade nua e crua da pandemia e vai direto para a preocupação com a higiene. As marcas maiores, talvez sejam as que menos terão impacto nesse momento, porque já praticam há anos medidas básicas e porque várias já possuem rede de franquiados.

Lenços, aplicadores de máscara de cílios, pincéis de sombra – tudo descartável – são itens que facilmente são disponibilizados aos clientes em redes como Quem Disse, Berenice?, Boticário (são do mesmo grupo) e Sephora. Na Quem Disse, por exemplo, se você tentar provar a máscara de cílios, ao abrir a tampa, notará que as escovas estão sempre removidas. Perfeito.

A OMS também já recomendou: contatos de produtos com as mucosas e boca estão proibidos.

Sephora US (crédito blog da Sallve) pós-pandemia Covid-19

Falando de Brasil, a gente sabe que a realidade aplicada nas marcas de beleza de luxo e grandes redes não é a mesma de milhares de outros comércios, quando a gente sai das grandes cidades (e até nas grandes cidades, quando falamos de comércio de rua e pequeno, a situação pode estar bem mais complexa).

Fiz uma baita pesquisa e um apanhadão geral de dicas para ajudar a gente, enquanto as informações seguem dispersas. Listei alguns cuidados básicos e eficazes que podem ser tomados por lojistas e consumidores:

Uso de placa e espátula

Itens que já são usados por muitos maquiadores criteriosos e que são 2 mandamentos sem erro a essa altura. A raspagem impede contato direto entre mão/boca/rosto/olhos de cliente e o produto.

Compre aqui, nas Americanas.com

O funcionário pode, por exemplo, raspar uma demo do item (batom, blush, pó, sombra, lápis etc), colocar na placa para o cliente, com um acessório descartável, experimentar. Finalizado o atendimento, vai tudo para o lixo, separadamente (mais abaixo tem as recomendações da Fecomércio sobre descarte).

As lojas podem, inclusive, oferecer esses itens em formato descartável. Vai onerar o custo mensal? Sem dúvida, principalmente, de lojas que ainda não aplicam essas medidas mesmo antes da pandemia.

Leia também:
O que é e como usar a placa de maquiagem: não conhece? 
Confira o vídeo sobre placa de maquiagem e como usar o acessório

Display (mostrador) coberto e manipulado exclusivamente pela equipe (devidamente paramentada)

Os displays e testers de bases, corretivos, primers e outros produtos líquidos, normalmente, já funcionavam com tampa. O que deve mudar é a forma de testar: sem contato direto na pele do cliente e com intermédio do funcionário da loja para garantir a segurança, sem perigo de contágio.

Já os displays de sombra, iluminadores, blushes e contornos (ou seja, produtos em pó compacto) que tendiam a ficar expostos podem receber o plástico transparente (desde que não abafe) por cima para impedir exposição fulltime ou serem mantidos nas próprias embalagens tampadas.

O antes e o depois do Covid-19 na Sephora

Acessórios descartáveis

Falamos aqui de aplicador de máscara de cílios, sombra, pincel para o batom (após a raspagem), lenços… serão mais necessários do que sempre foram (de novo: isso é HIGIENE e as lojas mais sérias já praticavam essa medida regularmente).

Aplicadores de máscara de cílios descartáveis, nas Americanas.com (aqui)

Medidas alternativas para loja de maquiagem e cosmético pós-pandemia

Mudanças no layout

Duas gigantes dos Estados Unidos, Saks na 5ª avenida e a C.O. Bigelow partiram para amostras individuais a serem testadas em casa, no lugar dos mostruários (displays).

O BOF (Business of Fashion) informou que a Sephora chinesa adotou a medida de higienizar todas as ferramentas de teste de maquiagem após cada uso, embalando-as individualmente e também fazendo a higienização dos testadores a cada duas horas.

Apelando para a tecnologia

A oferta de simuladores online também deve tornar-se realidade já já. Em substituição aos testadores convencionais, a realidade virtual oferecerá a experiência de cosméticos (tinturas de cabelo já fazem isso online: a gente faz o upload da foto e vê como fica com uma cor ou outra, lembra?). Também devem sair de cena as conhecidas aulas de automaquiagem como a MAC e a QDB ofereciam, ficando restritas ao on-line.

SEM MITO de borrifar álcool nos cosméticos

Já tem material aqui no meu canal do Youtube sobre isso para produtos que se espatifam no chão e quebram (aqui) mas, para facilitar, vamos resumir.

É importante que a gente entenda o seguinte: quando a fábrica embala o produto, aquela fórmula que vem nele é a ESTABILIZADA E PRONTA, adequadamente, para uso.

Portanto, não é ‘só’ borrifar álcool em cima” por causa do Coronavírus. Você pode causar danos à sua saúde e detonar geral o produto.

Lembre-se que ao alterar o estado natural do produto, ou seja: jogar sobre a fórmula pronta ali no produto, álcool ou qualquer outra substância, você compromete imediatamente a integridade do produto.

Ele estava PRONTO para consumo. “Ah, mas o álcool evapora”. Não caia nessa. Você estará jogando sobre o produto carga de água e álcool ALÉM do que a fórmula fechada dele pedia. Você está degradando a integridade da fórmula e correndo risco de perder produto e causar danos à saúde. A fórmula pode acusar problema ANTES do visual do produto apresentar queixa. Não cai nessas soluções apocalípticas.

Orientações públicas divulgadas pela Fecomércio

Também fiz uma pesquisa enorme na Fecomércio e encontrei algumas informações muito importantes:

Distanciamento

Aferir temperatura ANTES do cliente entrar no shopping e oferecer álcool gel na porta dos estabelecimentos comerciais.

As empresas não devem realizar nenhum evento ou promoção que possa criar algum tipo de aglomeração

Devem oferecer máscaras a clientes que não disponham de uma, além de máscaras e equipamentos de proteção para os colaboradores.

É preciso disponibilizar álcool em gel 70% para uso obrigatório na higienização das mãos; o produto deve estar em local visível e de fácil acesso, preferencialmente próximo à entrada e à saída, do local de realização do pagamento e na utilização das maquininhas – que devem estar cobertas com plástico filme e ser higienizadas após cada utilização.

Outra orientação é sobre a disponibilidade de formas de pagamento alternativas, como transferência bancária e pagamentos por aproximação, que não necessitam de contato com o caixa e as máquinas de cartão.

As empresas também precisam:

* separar lixo com potencial de contaminação para descarte (Equipamento de Proteção Individual (EPIs), luvas, máscaras, etc.);

* efetuar a limpeza de cestas, carrinhos, sacolas (ou semelhantes) a cada uso. Se possível, essa higienização deve acontecer na frente do cliente;

* manter lenços de papel e sacos de lixo próximo aos locais de trabalho dos funcionários e orientar o uso no caso de tosse ou espirro. Orientar ainda às equipes sobre o correto descarte de materiais possivelmente contaminados;

* orientar colaboradores e clientes sobre a necessidade de lavagem frequente das mãos, bem como sobre a maneira correta de fazê-lo e pedir que o empregado reforce os procedimentos de higiene logo após receber dinheiro em espécie;

* retirar do estabelecimento tapetes e objetos que dificultem a limpeza, optar por uma decoração minimalista;

* retirar todos os itens fáceis de tocar, como catálogos, revistas ou tablets. Caso algum item seja absolutamente necessário, envelopá-lo com plástico-filme e higienizá-lo frequentemente;

* fornecer copos de uso pessoal para cada colaborador ou cliente;

* minimizar a necessidade de manuseio de fechaduras, mantendo, sempre que possível, as portas abertas.

* manter provadores fechados e proibir provas de roupas, calçados e acessórios no estabelecimento;

* evitar receber de volta as mercadorias. Os itens devolvidos devem ficar sob quarentena por 72 horas, armazenados separadamente. Sempre que possível, higienizar a mercadoria antes de incluí-la de volta ao estoque;

* sempre que produto precisar ser exposto e tocado pelo consumidor, ele deverá ser envelopado em plástico-filme ou material equivalente e obrigatoriamente será higienizado pelos funcionários todas as vezes que houver manipulação;

*de maneira complementar ou alternativa, o estabelecimento poderá fornecer luvas descartáveis aos clientes e solicitar que as utilizem sempre que tocar nos produtos;

* no caso de o estabelecimento disponibilizar serviço de entrega/delivery, o preparo e a entrega da mercadoria deverão ser realizados com todos os devidos cuidados de higiene e limpeza, a fim de proteger entregadores e clientes, que terão de evitar contato físico entre si;

*evitar oferecer serviços e amenidades adicionais que retardem a saída do consumidor do estabelecimento, como disponibilizar café, doces, poltronas para espera, áreas infantis, etc;

*as medidas sobre o novo funcionamento sempre precisam ser informadas a todos os clientes.

Limpeza dos ambientes

Ambientes de maior circulação de pessoas, banheiros, elevadores, refeitórios/copas, corrimãos, maçanetas, puxadores, catracas, bebedouros, demais áreas de uso comum e superfícies de uso coletivo (balcões, botões dos elevadores, mesas de reunião, etc.), bem como sistemas de ar condicionado/ventilação/climatização, com periodicidade semanal. Outra medida é borrifar nos displays ou estoques expostos solução sanitizante e/ou álcool 70% diversas vezes ao dia, especialmente se houver manipulação pelos clientes.

O estabelecimento precisa garantir ainda que lavatórios e banheiros, para clientes e funcionários, sejam devidamente equipados com água, sabão e toalhas descartáveis, além de lixeiras com acionamento não manual.

Por fim, vale ressaltar que toda a realidade que vivemos é NOVA e o mais importante nesse momento é ter consciência do quanto você de fato precisa se dirigir a uma loja física ou pode resolver sua vida de forma online.

Vou atualizando vocês quanto às informações, ok?

Créditos:

Site da Fecomercio

Imagens:

Sallve e Veja Abril

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