Poucos assuntos do mundo artístico rodaram tanto as timelines quanto o look usado pela Maisa, recentemente. Afinal, o que tinha de ‘errado’ ali?
O intuito desta matéria é a de clarear o incômodo da geral, explicar o que pesou, MAS, com respeito às vontades das pessoas. Ela é uma artista (que adoro, por sinal), em uma participação de TV e isso não pode ser desconsiderado. Tem todo direito do mundo de usar as peças diferentes que quiser e achar OK para ela. Aqui, falarei da estética e do por que tanta gente torceu o nariz, mesmo que sem entender muito da técnica.
Vamos começar… pelo começo
O look escolhido é da Miu Miu, grife de luxo, e foi desfilado em 2021. No contexto das passarelas, o look era quase humanamente inimaginável para o cenário vida real, dia a dia.
Já se imaginou pelas ruas da sua cidade, indo trabalhar, estudar, assim com 10 cm de pano na saia de mood colegial? Talvez 0,5% da população consiga e, assim mesmo, dependendo de onde morar e da faixa da pirâmide socio-econômica à qual pertencer. E é exatamente esse o ponto.
Passarela não é 100% literal: é o céu sem limites do criador, é onde a grife pode colocar conceitos, cartela de cores, modelos e intenções pro mundo todinho ver.
Quando a Miu Miu desfilou esse modelo (o conjunto não era vendido em peças separadas a princípio), esgotou em TODOS os pontos de venda da marca, a ponto de ter fila de espera. Depois do sucesso imenso do look e da fila de espera aguardando reposição, a grife abriu mão da venda fechada e anunciou que venderia as peças separadamente.
A marca fez uma segunda opção e tacou nada mais nada menos que Nicole Kidman (54 anos) na capa da Vanity Fair, com uma alternativa ao modelo da passarela:
Qual é a comunicação do look da Miu Miu?
Fica mais do que claro que, ao apresentar o look em duas faixas etárias distintas, a marca quer dizer “é pra todo mundo que quiser usar”. E isso é perfeito.
A leitura do original no look da Maisa
Corta pro Brasil. Maisa adaptou o look:
Para usar mais pano, ela declinou da super cropped. Para resolver a saia curtíssima, ela usou a camisa por baixo MAS ao contrário do desfile, optou por ganhar uns centímetros a mais de ‘saia’ … E o resultado foi esse acima. Sobrou camisa, pesou a saia que ficou sem lugar (não dava pra ver se era saia ou um cinto que desceu).
Tentar, tentou. Mas… ficou confuso.
E a internet estranhou. Muito.
O desfile em si já foi inusitado. Mas olhando a modelo, observamos as proporções da super cropped com a saia: havia conexão ainda que tudo em micro-peças.
Por aqui: considerando que a maioria nem tenha visto a versão original (que já causaria estranhamento por si), ver a sobreposição criada pela Maisa (ou seu stylist) gerou estranhamento dobrado: excessos de camadas em pouca altura e sem conexão entre elas para gerar harmonia na sobreposição.
Minha observação:
É importantíssimo considerar que até mesmo uma edição de look com sobreposição precisa de harmonia, na desarmonia.
Criar sobreposição não é só jogar uma peça por cima da outra. para funcionar, precisa Ter coerência.
Gosto muito de usar a equação gosto x estética x intenção de look para me basear na hora de criar composições e é o conselho que dou a você, desde sempre por aqui, no canal e nas redes.
Expliquei tudo detalhadinho no vídeo do canal e finalizei com o que acho mais importante de tudo: precisamos entender contextos, ler a roupa.