Você é daquelas pessoas que cobram justamente e sem constrangimento pelo trabalho que desempenhaM ou acha ‘chato’ dizer quanto custa?
Há algumas semanas venho desenvolvendo um e-book e, olha, como tem sido trabalhoso… As meninas que estão conectadas no Instagram, no Face e no canal devem ter percebido que tenho postado pouco nesses últimos dias. O acúmulo de atividades tem trazido satisfação e muito esgotamento mental.
Nesta imersão para o silêncio interno de escrever refleti que, em 2018, o blog faz 9 anos. Há 9 anos entrego conteúdo gratuito aqui com tanta alegria e tanto amor que foi só nesta atividade de produzir o e-book que me dei conta de como ando administrando mal a relação tempo x trabalho x valor.
Para você ter uma ideia, a marca de bijoux foi o único braço da Cris Cardoso que me trouxe renda (baixa, mas trouxe) neste tempo. Os demais (aqui, canal e redes) são conteúdos que ofereço a vocês graças ao meu trabalho como consultora de comunicação. O tempo insuficiente para produzir tanto como fazia 5 anos atrás somado a alguns desgostos com cópias descaradas que encontrei na internet, me fizeram optar por pausar as bijoux.
No embalo dessa jaca na cabeça, respirei fundo e comecei a rever seriamente todos os meus projetos, principalmente, a forma com que me relaciono com meu valor nisto tudo.
O que percebi? Eu não sabia cobrar nem por meu talento, nem por meu tempo e muito menos por meu valor.
Você já parou para refletir sobre isso?
Cobrar pelos talentos é muito, muito difícil. Vivo isso diariamente.
Me formei em uma carreira que qualquer brasileiro tem como premissa exercer: se comunicar. A gente se comunica o tempo todo! É lógico que um profissional de Jornalismo ou Comunicação tem técnica, entende o que falar, para quem falar, como falar e por quais meios e estratégias fazê-lo.
Mesmo assim, é muito difícil não cair na armadilha da ‘dica’, do ‘me dá SÓ uma ajudinha?’ e tantas outras formas de abusar do conhecimento, DE GRAÇA.
Quer pior? Caí em todas elas. Todas, ao longo de 9 anos.
Muitas de vocês também se queixam disso comigo. Na segmentação de leitores e seguidores, tenho muitas de vocês em início de carreira, terminando estudos ou com trabalho autônomo.
Aqui, temos:
– arquitetos com pedidos absurdos disfarçados de ‘dica’ de graça;
– professores que são bombardeados com pedidos para ‘esclarecer só um negocinho’ de graça;
– profissionais de beleza que quase pagam para trabalhar e,
– médicos exercendo nova modalidade de consulta: ‘apenas uma olhadinha na foto“ via WhatsApp.
O fato é que o desrespeito por nosso valor não é culpa exclusiva de quem abusa da gente (e aqui não falo das exceções que atendemos com muito carinho. Falo da maioria, que sabe que isso é nosso trabalho e ainda assim ABUSA na cara dura).
Quase sempre, nosso bloqueio em assumir o valor pessoal na hora de dar preço ou de nos colocarmos profissionalmente diante de um job informalmente solicitado é tão vilão quanto a pessoinha sem-noção que vem pedir tudo gratuitamente.
Temos receio de parecer mercenários, temos receio de perder a amizade ou o cliente e temos receio de dizer NÃO… Na maioria dos casos, não percebemos o quanto abusamos de nós mesmas e perdemos tempo, energia e VALOR quando colocamos o outro na nossa frente e isso também desanima. Ou seja: adianta ser assim?
Se você me perguntar qual é a saída, digo com coração em paz: não vejo mesmo outro caminho a não ser ter educação, calma e simpatia para dizer: “Você está me pedindo ajuda para melhorar sua vida/ seu trabalho e melhorar sua vida, não é? Eu preciso cobrar para melhorar a minha’. Claro, cada um se coloca de uma forma. Você pode responder ao pedido com uma frase tipo:
Oi! Que bom ter lembrado de mim para esta CONSULTORIA/ este projeto / este job! Me dá uns dias que bolo um projeto bem bacana para você, tá? Te encaminho por email para ficar mais organizado, ok?
Que bacana a sua ideia! Claro que topo participar. Qual é o budget que você imagina para esta ação? Faço um projeto dentro do seu orçamento.
Estas foram ideias que dei a uma cliente (que atendo como consultora de comunicação) quando recebeu um pedido de ‘ajuda’ de uma ‘amiga’ dela. O curioso: a pessoa pediu ‘ajuda’ para lucrar mais no próprio negócio mas sequer cogitou que minha amiga também queria lucrar no negócio DELA. Percebem a relação viciada?
O que lembro a você é uma palavra simples: valor.
Valor, talento, habilidade, dom, não interessa o termo. Ele é seu, aprimorado diariamente por você, e tem preço SIM.
Pode ser um preço simbólico para selar a troca, um almoço, um café, um mimo, mas essa energia precisa circular. Do contrário, fica unilateral: você trabalhando pro outro sempre e entregando seu conhecimento de uma forma que você não está feliz de ver… até ações de voluntariado tem troca, gente!
A primeira pessoa a cuidar do nosso valor é a gente mesma. Eu sei que é difícil bancar pro mundo que este valor é nosso e que tem preço. Mas se a gente não começar a exercitar isso, não sairá do lugar.
Vocês tem ideia de quantas pessoas me pedem ‘ajuda’ para divulgá-las no blog, no insta, no face? Várias tem marca de alguma coisa, tem produtos que poderiam oferecer em permuta. Pouquíssimas fazem a proposta decente e correta para OS DOIS LADOS. Elas querem o dinheiro DELAS, usando a MIM gratuitamente, para isso.
Do ano passado para cá, esses exemplos de abuso em relação ao meu valor tem sido tão claros que ficou mais fácil ver quando eu mesma errava comigo.
Hoje, me dou ao luxo de escolher quem eu quero ter ao lado exatamente porque o blog ainda não consegue ser minha principal fonte de renda. Mas não vejo isso como uma coisa super bacana. Não é. Se eu tivesse lido este texto que fiz para vocês anos atrás, talvez hoje já tivesse com várias parcerias aqui, no canal e nas redes, cada parte recebendo justamente. Não cometa o mesmo erro.
Portanto, meu conselho para você é:
1. Comece a exercitar a observação.
2. Comece a detectar quem te procura com respeito ao seu valor e quem só quer sentar na sua janelinha para apreciar a paisagem. Há parentes e amigos que merecem muito a nossa mão mas, se não for este o caso, considere melhorar a sua tática de resposta. Considere, inclusive, declinar e dizer Não, infelizmente, não consigo te ajudar no momento.
3. Pode ser sutil, educada e com respeito, mas a sua resposta tem que deixar claro que há valor no que você entrega.
E se você ainda não se convenceu, pensa assim: há seu tempo, há sua vida que você poderia estar usando muito bem com outra coisa e outras pessoas que você ama, neste tempo que você está doando a alguém que talvez nem se toque do tanto que está recendo de você.
Quanto custa o seu valor?
Cris, muito boa a reflexão!
Muito bom!
É desse jeitinho mesmo!
Temos que nos valorizar!
Sempre, Rê! Beijo