A privacidade dos pequenos nas redes sociais

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Por Beto Garcia

Nas últimas semanas nos vimos encurralados entre participar de um pretenso jogo de perguntas e respostas com nossos filhos e expor uma parte da privacidade deles redes socais ou não participar e manter nossos filhos em uma bolha extrema de proteção – sem poder falar nem mesmo a sua cor predileta por aí… Realmente a privacidade é algo polêmico e deve dar o que falar ainda durante muito tempo. É certo que ao falarmos de nossas crianças nas redes sociais, muitas pessoas mal intencionadas podem se aproveitar disso para a famosa engenharia social – quem nunca ouviu falar sobre isso, deveria procurar sobre o tema.

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Pois bem. Eu fiz o tal jogo com o meu filho e o publiquei em meu perfil pessoal do Facebook. Não vi, naquelas perguntas, nenhuma que pudesse trazer um perigo iminente à privacidade ou segurança dele ou minha. Ainda mais compartilhando num ambiente controlado, dentro do meu perfil pessoal. Não o faria de modo público. É óbvio que eu me preocupo com o que posto sobre mim e sobre o João em qualquer lugar que eu escreva sobre ele. É óbvio que tenho receio em divulgar algumas informações. Tem coisas, inclusive, que eu não escrevo nem sob tortura. Por exemplo, a escola onde o João estuda ou fazer check-in frequentemente. Mas… O que fazer para termos cuidado com as informações divulgadas nas redes sociais? Simples: use o bom senso!

Você pode divulgar a cor predileta do seu filho? Acredito que sim. Você pode divulgar qual o carro que ele acha mais bonito? Também acho que sim. E o desenho animado predileto dele, será que tem problema dizer no Facebook? Particularmente, eu acho que não. Mas a coisa muda de figura quando as informações são outras. Eu nunca divulgaria, por exemplo, todas as atividades que o meu filho faz. Também não postaria mais fotos de momentos íntimos (embora já tenha feito quando ele ainda era um bebêzinho). A verdade é que a ferramenta não foi pensada para ser usada de forma negativa mas as pessoas mal intencionadas acabam usando-a para este fim. Eu tenho um álbum com fotos do João ainda bebê mas todas as imagens estão bloqueadas. Só eu posso ver essas fotos e decidi fazer isso pois, quando ele nasceu, não tinha essa preocupação com a privacidade de determinados momentos íntimos dele, como o banho, por exemplo.

Apesar disso, acredito que, se estamos no Facebook ou no Instagram, alguma exposição sempre teremos. Seja nossa, dos nossos filhos, da nossa vida, dos nossos familiares… Enfim, as redes sociais são exatamente para se expor as coisas. Não há como reverter isso. O que podemos – e devemos – fazer é, justamente, controlar o conteúdo que iremos expor e também para quem estamos expondo.

É importante também que a gente tenha esse discernimento… Quando o filho nasce ficamos empolgados e queremos compartilhar com os parentes distantes, que não puderam estar presentes ali naquele dia tão aguardado. E isso nos faz promover essa divulgação de imagens e informações excessiva. Segure a onda! Salve a foto e permita que apenas algumas pessoas a vejam. Peça, gentilmente, para que essas pessoas não compartilhem a imagem. Explique seus motivos e diga que só colocou a foto no Facebook para que algumas pessoas – justamente que não puderam se fazer presentes – pudessem ver o bebê ou a criança. Dá pra falar sobre o assunto, sendo cordial e até passando essa cultura de privacidade adiante.

Essa é uma discussão que ainda vai durar bastante tempo… Chego a pensar se ela terá um fim algum dia. E isso me leva a pensar naquela historinha de guardar segredo para dar certo, sabem? Então, podemos fazer isso também. Não é pra abrir toda a sua vida no Face ou no Insta! Fale, conte, compartilhe… Mas deixe alguns momentos só pra você, só pro seu pequeno, só pra sua família. No futuro você e sua família irão agradecer. Acredite!

Beto Garcia é jornalista, coautor do blog De Pai para Filho e colaborador do criscardoso.com

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