A Chanel voltou ao Grand Palais de Paris para apresentar sua coleção primavera/verão 2025. Um evento bem aguardado, diga-se de passagem e, em dose dupla.
Primeiro, porque marcou a reabertura do icônico local, palco de inúmeros desfiles sob o comando do lendário Karl Lagerfeld.
Segundo, porque desta vez, a marca trouxe uma coleção sem um diretor criativo nomeado, desde a saída de Virginie Viard, no meio do ano. Tudo apresentado na passarela foi desenvolvido em conjunto, pela equipe de estilo da marca.
O desfile da Chanel, coleção verão/25
O desfile, descrito como uma “decolagem”, simboliza um novo começo para a Chanel, trazendo um sopro de liberdade e leveza que permeou toda a apresentação. A coleção de primavera/verão 2025 celebrou o espírito de liberdade que Gabrielle Chanel sempre prezou.
As peças remetiam à emancipação das mulheres, refletindo referências que iam das artistas do music-hall às aviadoras dos anos 20. Com golas peter pan, jaquetas de aviador, capas fluidas, macacões de voo, vestidos inspirados em uniformes e muitas plumas remetendo à liberdade, voo e pássaros, a coleção trouxe uma narrativa de liberdade, alinhada ao desejo de Gabrielle Chanel de quebrar os padrões impostos às mulheres da sua época.
Mesmo sem um nome de destaque no comando, a essência da casa esteve presente em cada detalhe. Foi impressionante.
O cenário do desfile da Chanel no Grand Palais
O cenário do desfile no Grand Palais foi uma imensa gaiola de pássaros, evocando o tema de liberdade e voo, e também remetendo a uma peça simbólica na história da Chanel. Gabrielle Chanel havia recebido uma pequena gaiola com um casal de pássaros de presente, que mais tarde inspirou um famoso comercial do perfume “Coco”, estrelado por Vanessa Paradis em 1991. Essa narrativa foi resgatada na nova coleção, destacando o desejo de liberdade e o vínculo da Chanel com símbolos que carregam histórias afetivas.
Estrategicamente posicionada, ela era o ponto central da enorme passarela por onde 76 looks, a maioria em tons pastel, faziam suas aparições, de ponta a ponta.
Mesmo diante das especulações sobre quem será o próximo a assumir a direção criativa da Chanel, a marca conseguiu se manter no centro das atenções.
Rumores indicam possíveis sucessores, mas, enquanto o anúncio oficial não é feito, o time de estilo continua a conduzir o processo criativo. Bruno Pavlovsky, presidente de moda da Chanel, afirmou que a equipe já está trabalhando nas próximas coleções e que não há pressa para definir um novo diretor criativo.
Entre os quase 80 looks apresentados, destacaram-se elementos característicos da Chanel, como os ternos de tweed, as bolsas acolchoadas e os sapatos bicolores reinventados em plataformas altíssimas. Além disso, plumas adornaram óculos, brincos, casacos e vestidos, trazendo um toque sofisticado e leve, em homenagem às “plumassières” — artesãs especializadas em plumas, valorizadas pela casa. A paleta de cores variou de tons pastéis suaves a preto e branco atemporal, reforçando o equilíbrio entre tradição e inovação.
A surpresa no final
No encerramento, a embaixadora da marca, Riley Keough, fez uma performance emocionante de “When Doves Cry” de Prince, dentro da gaiola no centro do Grand Palais. Para quem não está fazendo a conexão da moça, ela é a neta mais velha de Elvis Presley (tem vídeo no canal sobre ela). Usando um macacão de tweed preto com detalhes em chiffon e joias esculturais, a apresentação de Riley adicionou uma camada de poesia à narrativa do desfile.
Nessas horas que poderiam ser a representação do caos, o desfile da Chanel mostrou, mesmo sem um comandante à frente, porque a casa está onde está e com tanto fôlego de seguir no topo.
Chanel conseguiu entregar uma coleção super comercial, é verdade, mas que honra o legado da marca enquanto sugere novos horizontes. Foi uma senhora decolagem, sem dúvida.