O que é Alfaiataria e como reconhecer uma peça em alfaiataria

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Se você acompanha perfis de moda ou curte moda, certamente ouve o termo alfaiataria às tampas por aí. A questão é que nem todo mundo usa o termo como ele realmente deve ser aplicado e é por isso que tanta gente se sente confusa a respeito. Bora clarear a ideia?

O que é alfaiataria

Alfaiataria é um estilo de corte, não é um tecido ou um ‘tipo’ de peça. As peças ‘de’ ou ‘em’ [corte] alfaitaria têm características bem marcadas e com treino e observação, a gente não confunde nunca mais.

O corte de uma peça de alfaiataria é mais reto, é estruturado. Já as técnicas de modelagem das peças em alfaiataria tendem a ser mais complexas e terem o acabamento mais elaborado.

Até alguns anos atrás, seria OK dizermos que as peças em alfaiataria eram feitas com tecidos mais estruturados. Mas a indústria têxtil evoluiu muito nos últimos 15 anos e isso trouxe à alfaiataria um oxigênio renovado, também. Não nos espantemos, por exemplo, se virmos uma grife anunciando uma peça em alfaiataria produzida em moletinho. Entende?

Como víamos (e entendíamos) a alfaiataria

Muita gente associa a alfaiataria às cores como preto e cinza e à modelagem de terno, saia ou calça com pegada mais masculina porque isso foi propagado por décadas.

A confusão é normal, porque nos acostumamos a enxergar roupa em alfaiataria produzida a parte de tecidos mais ‘nobres’ como a gabardine, o crepe… e a cabeça e o olho se acostumaram e gravaram que alfaiataria = tecido nobre. Mas não é.

História da Alfaiataria

Você pode não ter nascido na época em que as oficinas de Alfaiates eram mais frequentes nas cidades, mas, elas existiam e muito!

A palavra vem do árabe, al-ẖayyât, ou seja: costureiro. Surgiu entre os séculos XII e XIV, na Idade Média. Era o nome dado às oficinas que produziam peças genuinamente masculinas e exclusivas, com medidas precisas tiradas no corpo de cada cliente como calças, blazers e ternos.

Anos 40, pós-guerra e Marlene Dietrich

Num pulo de História (adoro) chegamos aos anos 40 e o pulso firme da mulherada no pós-guerra. Sem dinheiro para comprar roupa devido à crise geral, começamos a usar peças de alfaiataria até porque eram mais econômicas, já que tendo corte reto, usavam menos tecido.

As leituras existem desde sempre. Os tais ternos transformaram-se em Tailleur no nosso guarda-roupa. Quem é fã de cinema, talvez lembre de Marlene Dietrich eternizando o terno com pences na linha da cintura.

Marlene, a gente te ama, viu?!

É público e notório que a aparição dela foi um escândalo para aquela época! Calças em mulheres? Eram usadas somente para cavalgada. Não dá baita orgulhoso dessa mulherada que pega um batom e usa como britadeira para mostrar que tá tudo bem a gente ser igual, que não morde por isso e nem deixa de ser pacifico? Eu acho!

Bom, de lá pra cá, várias grifes incorporaram a estrutura de corte aos seus modelos ultra femininos e o resultado é um só, até os dias atuais: todas ganhamos! Saint Laurent, Céline, Chloé, Lanvin e agora, em 2020, Botega Veneta traz um revival da bermuda alfaiataria (que teve apogeu entre os anos 90 e 2000) para a coleção primavera-verão no hemisfério norte.

Passarela Lanvin

À esquerda, looks Fernando José e Cisne nas páginas de edição de 1977.
À direita, inverno 2019 da Celine – foto Vogue

Street Style 2020

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