Acordei hoje com um inbox do meu primo, que vive na Espanha. O Cazé me mandou um link do La Vanguardia com uma matéria de moda: Crocs lanza unas sandalias de goma con tacón y se agotan en seguida (algo como Crocs lança sandálias de plástico com salto e esgotam em seguida).
Para quem não lembra, a Crocs é aquela marca [até então] dos sapatos flats, bem no estilo chinelão, que divide amores na real entre estética e conforto. Não raro, a gente vê a galera usando Crocs com meia, inclusive. É gosto, minha Gente…
se esses modelos não estivessem na passarela das marcas grifadas, mas na vitrine de uma loja popular, no meio da 25 de março, seriam esse fervor geral de vendas entre fashionistas?
— Duvido.
O fato é que desde que a Balenciaga levou para a passarela o modelo de Crocs rosa abaixo, em 2017, a coisa toda mudou de figura e a Crocs voltou à baila entre os hypados:
Agora, com valores que oscilam entre 80 e 200 EUROS, a Crocs lançou outros modelos:
Crocs com salto
O modelo que foi produzido em preto, branco, cinza e verde está ESGOTADO na Amazon.
Crocs com meia acoplada
O polêmico modelo Cyprus V Crocs para a americana Alife não só é de plástico como tem uma meia acoplada. Esgotado em questão de HORAS.
O que penso
Uma das coisas que mais me causa análise na moda é a relação valor real x valor percebido. E por que falo isso?
O MKT de luxo tem a premissa da exclusividade. Gerar demanda reprimida é o ponto mais alto para garantir sucesso. Você produz menos do que será consumido e o público da marca vai disputar quase que a tapa seu produto. Isso é lei de mercado e só valoriza o item esgotado, desejado e comprado.
Pra pensar: Toda vez que vejo coisas assim em desfiles e vitrines de lojas mais caras, me pergunto: se esses modelos não estivessem na passarela das marcas grifadas, mas na vitrine de uma loja popular, no meio da 25 de março, seria esse fervor geral dos fashionistas? Seriam apreciados com esse furor todo? Valeriam tudo isso?
Duvido.
Imagens: La Vanguardia / ES
