Por Rochelle Aweida
Ao escrever meus textos venho pedindo sugestão de temas que trazem curiosidades para os leitores e uma amiga pediu para falar um pouco sobre uma questão que um pouco lhe atormenta, na verdade uma coisa que atormenta algumas pessoas e incomoda tantas outras: O CIÚME.
O ciúme é algo que pode minar um relacionamento, até hoje me recordo de Capitú e Bentinho: traição ou o ciúme de bentinho era tão forte que não o deixava enxergar a verdade sobre os fatos e então sua fantasia estava presente no que narra?
Shakespeare, em uma de suas obras denominava o ciúme como “O monstro de olhos verdes”, e nós ? Como denominados o ciúme em nossas vidas? O quanto nossas fantasias influem no que visualizamos e sentimos?
Quando nos relacionamos afetivamente com outra pessoa muitas vezes sentimos certa ansiedade ao percebemos alguém que possa influenciar a nossa importância na vida do parceiro, podemos dizer que é norm al sentir ciúme quando ocorre alguma situação real mas este é passageiro e desaparece quando notamos as evidências de que nada ocorreu. Todos nós sentimos ciúmes em determinadas situações.
Mas há aquele ciúme que extrapola o “normal”, algumas pessoas sentem uma preocupação constante e, na sua grande maioria, sem sentido. O medo da perda da pessoa amada é acompanhado de raiva, tristeza, medo, com a constante sensação que está sendo traido e então a pessoa tenta de todas as formas provar a infidelidade do parceiro.
Este sentimento constante, o pensamento diário que está sendo traído traz consequências negativas para quem o sente e também para o parceiro, que precisa mostrar e provar a todo momento a sua fidelidade. Em alguns casos, o ciúme excessivo traz comportamentos obsessivos de controle, não raro a pessoa quer verificar e-mails, ligações, atualmente whatsapp, ou seja, a falsa sensação que é possivel controlar os passos do parceiro, assim como seu sentimento. Tais comportamentos nos remete a uma baixa autoestima da pessoa que possui ciúme excessivo, que acredita não ter valor assim como merecer o respeito do seu parceiro, tal sentimento pode ter surgido na infância, quando houve um desrespeito ou até mesmo negligenciamento e então juntando se tais situações com a insegurança e medo que existem neste individuo. Ainda podemos dizer também que o amor excessivo pelo parceiro, quando a pessoa abandona aquilo que gosta e lhe motiva para “cuidar” do outro pode gerar um ciúme excessivo assim como mostra, mais uma vez, a baixa auto estima, uma vez que novamente o merdo de perder o outro faz a pessoa abandonar a si mesmo demonstrando seu medo e sua grande insegurança.
Há alguns casos de pessoas que “atraem” pessoas ciumentas patológicas, quase todos os seus relacionamentos possuem uma mesma dinâmica, e tal situação “cai” mais uma vez na mesma questão: baixa autoestima, e então tais parceiros terão uma dinâmica de relacionamento baseada em brigas e discussões que os alimente.
O que podemos dizer é que o ciúme, quando patólogico, destrói o relacionamento, faz os parceiros perderem sua identidade, tornando, em algum momento, a convivência entre ambos insuportável, O ciumento patológio não tem limites, quer a todo momento controlar o parceiro, e por mais que o parceiro permita, este controle nunca será suficiente, pois o ciumento patológico sempre irá querer mais, se não encontrar uma traição irá inventar algo em suas fantasias. Ciúmes não comprova amor.
Se identificou com esse texto? Seu ciúme é normal ou beira o patólogico?
O primeiro passo, no caso do ciúme patólogico, é entender que há um problema e então procurar ajuda, é importante entender a raiz do seu problema através de uma análise, descobrir de onde vem esse medo constante de perder a pessoa amada, identificar quais suas crenças que alimentam o seu comportamento. É preciso entender que não é preciso ter ciúmes para demonstrar amor e que você é sim merecedor de um relacionamento saudável baseado em respeito e que cada parceiro deve manter, sempre, sua individualidade, isso que alimenta e torna um casal mais feliz e ainda mais parceiro. Sozinho é dificil, um psicanalista lhe ajudara no desenvolvimento através autoconhecimento, aumentando sua auto estima e ajudando a se libertar do sofrimento.
Rochelle Aweida Veras é psicanalista e colunista do site Cris Cardoso. Para falar com ela, escreva para rochelleveras@gmail.com | (11) 94885-7006