Em menos de 10 dias, recebi 2 relatos de pessoas que sequer se conheciam alertando sobre o problema grave de saúde – trombose – que tiveram, por causa da pílula anticoncepcional.
Logo que o primeiro relato chegou, minha memória voltou lá em 2001 quando a pessoa que vos fala também teve um pequeno acidente vascular que, felizmente, foi diagnosticado e operado a tempo, evitando uma trombose e permitindo que eu estivesse aqui, hoje, escrevendo sobre isso para vocês.
Em ambos relatos, as meninas sobreviveram, mas isso não é o que acontece com parte das mulheres que fazem uso de pílula anticoncepcional.
Muita gente alega que isso é que nem falar de acidente aéreo. “Ah, mas a porcentagem é baixíssima, gente…”. Pois é. Só que, quando acontece, pode ser letal, ou seja: mata.
Na minha humilde opinião, o ponto de alerta é a confusão da crença ilusória de que ‘ser saudável e não-fumante’ é o suficiente para estar liberada para tomar um medicamento que é uma bomba de hormônios e que isso tudo, no organismo, não terá consequências em qualquer espaço de tempo.
Trombose x anticoncepcional: de onde vem o problema?
O problema vem dos hormônios. O estrogênio é o hormônio responsável pela coagulação e é aí que começa o efeito dominó: quanto maior a dose de estrogênio, maior o risco de desenvolver trombose.
A pílula anticoncepcional é um medicamento que surgiu nos anos 60. Nas primeiras fórmulas, a quantidade de hormônios era absurda: 90% mais alta do que as de hoje em dia, o que também poderia gerar efeitos colaterais muito mais graves, na época.
As pílulas anticoncepcionais de hoje
O avanço nas fórmulas levou os laboratórios a criarem um outro tipo de pílula anticoncepcional, feita somente do hormônio progesterona.
Este tipo de pílula não apresenta risco eminente mas, por outro lado, tem seus efeitos colaterais. Nos primeiros meses de uso (o que chamamos de período de adaptação, a pílula de progesterona pode gerar pequenos sangramentos, como se fosse um comecinho de menstruação, o que faz com que muitas mulheres desistam do método.
Na pesquisa que fiz, li um quote da Dra Isabela Henriques Rosa, gineco do Hospital Santa Lúcia, em que ela também explica que, além do sangramento, o uso deste tipo de pílula pode gerar interferência na libido.
O que é trombose
É a formação de um trombo, ou seja, uma coagulação de sangue (que pode ser trombo hemostático, trombo venoso e trombo arterial). Em casos mais complexos, pode gerar complicações graves como a embolia.
A trombose não é um efeito colateral exclusivo da pílula anticoncepcional e isso é importantíssimo de ser entendido, mas, quando acontece, pode ser letal sim.
Riscos de trombose no uso de pílula anticoncepcional
Segundo materiais da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), o risco de uma mulher que não faz uso de pílula anticoncepcional desenvolver trombose é de 4 em cada 10 mil, ao longo de um ano. A porcentagem sobe para 10 no mesmo período, quando a mulher toma pílula.
Este número, chamado de taxa de risco, já diminuiu desde que a pílula foi criada, lá na década de 60, por causa da própria fórmula. Mas o problema fica mais complexo porque mesmo que a gente não apresente qualquer risco aparente ou histórico, a trombose pode ocorrer.
Quem não pode tomar pílula anticoncepcional?
- Mulheres que têm histórico de trombose no passado;
- Mulheres que têm qualquer histórico de doença cardiovascular na família (parentesco de primeiro grau);
- Fumantes com 35 anos ou mais, obesas ou hipertensas.
Converse com seu médico e tire todas as dúvidas
Vira e mexe, a bula dos medicamentos é motivo de piada “se eu parar pra ler, não tomo nem sal de fruta”. A gente ri mas o fato é que a brincadeira de hoje pode virar a lagrima de amanhã.
Da mesma forma, não sinta vergonha alguma de encher seu médico de perguntas. Ele tem que entender seu histórico, tem que esgotar as perguntas e pedir exames.
Com a conscientização do nosso espaço e dos nossos direitos, os estudos e o interesse por entender o que a gente manda pra dentro do nosso corpo aumentaram. Buscar alternativas contraceptivas é fundamental para ver o que funciona melhor para cada organismo.
Antigamente, não tínhamos métodos como o diafragma ou o DIU. Hoje, temos. Portanto, converse com seu médico e veja o que, para você, funciona melhor. É nosso corpo, é nossa saúde e é nossa vida.
Fontes de pesquisa: Frebasgo, Globo, Wikipedia, Gineco