Qual é a sua peça viciada?

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Você já se fez essa pergunta, Crionça? Qual é a sua peça de roupa viciada, aquela famosa roupa ‘chicletinho’, arroz de festa, que já anda sozinha?

Desculpa aê aos que não curtem repetir roupa (caso ainda exista algum ser que pode se dar a este luxo zanzando por aí, né, Gentem), mas o mundo que eu vejo passa longe desse padrão.

armario-de-roupa-organizado

Neste momento, quero te pedir uma coisa: vai no seu armário e pega a peça que você já sabe que é a sua chicletinho da vez. Segura a bicha aí e vem no pensamento:

Nessas trocentas tentativas de aproveitar melhor o guarda-roupa e aprender a coordenar peças de forma mais criativa, conheci com mais intimidade esse meu lado, o de ser viciada em algumas peças e, pior: usá-las sempre com as mesmas combinações.

Não se iluda de pensar que isso é restrito a quem tem pouca roupa, viu? Não não… Isso acontece com quem tem pouca e, creia Benhê, com quem tem muita roupa! Como assim?

Tento pensando muito que o lance da repetição não tem a ver com a quantidade de peças ocupando espaço ou com o que anda CABENDO em nós de tudo isso que está pendurado nos cabides e guardado nas gavetas.

A gente sabe que fazer a famosa limpeza nos cabides, doar de X em X tempos o que não nos serve mais ou o que já ‘deu’ (de tanto que usamos) é fantástico, necessário e absolutamente útil. A gente sabe que se não abrir espaço tirando o que não usa mais, não tem espaço pro novo. A gente sabe e muitas de nós bem que tenta.

Só que o buraco é mais embaixo. O vicio de repetição de peças pode esconder traços da nossa personalidade que vão muito além do que serve com o quê, da tal blusinha “que vai com tudo” à calça jeans que está quase puindo.

Percebi em mim mesma: na fase pós-cirurgia, só conseguia vestir roupa larguinha e que não encostasse nas cicatrizes do quadril e da coxa. O que fiz? Separei todas as saias longas que eu tinha e vivia em função delas.

Quando a cicatrização zerou, só algumas calças me serviam. A maioria estava apertada, logicamente. Ainda estava inchada da cortizona da operação (alguns estudam indicam que a gente leva até 1 ano para tirar todo o resquício do corpo) e, com a interrupção dos exercícios, ganhei 3kg na balança. Mas pergunta se eu larguei as saias? Eu tinha que fazer força para pensar no que vestir ignorando uma das saias. Tentava encaixas as calças, mas quase nada me agradava. Estava frágil emocionalmente, me sentindo inchadaça e com zero ânimo. Sim, sambei na Sapucaí, pouquíssimas pessoas viram isso porque não gosto de ficar espalhando tristeza. Mas foi a real daquele periodo. Ponto.

Resultado: com meu leque de possibilidades reduzido a 20% de tudo que tinha no armário, o padrão do vício de repetição pulou feito criança em cama elástica na minha frente. Não era questão de ter pouca coisa para coordenar. Estava zerada de ALEGRIA e SATISFAÇÃO de ME vestir.

Conforme o tempo foi passando, percebi que não tinha nada a ver com as coisas que aconteciam em volta. ERA EU QUE ESTAVA LIMITADA, VENDO AS COISAS DE UMA FORMA LIMITADA, SEM GRAÇA, SEM VIDA. E fui passando, sorrateiramente, isso para meu JEITO DE VIVER retratado em cores e formas: ROUPAS.

Sim, tenho muitas alunas que se abrem comigo nos cursos e que embora achem incrível o segmento de moda, se dizem distantes disso porque “não ligam muito”. Posso ser sincera? Ligam sim. Todo mundo liga. Pode não se importar se a roupa é da marca A, B  ou C, mas ligar, liga. Todo mundo dá aquela olhada na revista quando vai ao cabelereiro, ou clica no link do site de fofoca para ver fulana vestida ou vem aqui no blog ver o que anda rolando por ai…

Liga porque a gente não pode sair pelada por aí, liga porque até os que se dizem imunes a serem ‘vitimas de tendencias’ estão inseridos em sociedades e grupos e, consequentemente, mesmo que inconsciente, absorvem informação de cores e formas o tempo INTEIRO.

Você pode pegar a primeira coisa que olha na frente e combinar com a segunda coisa que olha na frente, dentro do armário. Ainda assim, passará uma mensagem quando for vista pelas pessoas, um código – quer queira, quer não.

O vício de usar sempre as mesmas coisas não é tão superficial assim. Por trás dele, existem outras características da nossa personalidade em determinado momento da vida que servem como sinais para nos olharmos realmente e mudar, claro, se acharmos que é relevante.

Normalmente, um vício ganha mais força em tudo aquilo que a gente desiste de encarar para mexer ou abraça com fervor para continuar e como moda tem a ver com comportamento, comportamento tem a ver com autoestima e autoestima está totalmente ligado à forma com que encaramos cada passo da vida, um ‘simples’ vicio de acomodação pode não ser tão inofensivo e simples assim.

Portanto, deixo para você pensar no nosso bate-papo de sexta: segure a peça que você separou no meu pedido lá de cima no post. Olhe bem pra ela e pense: essa peça anda escondendo outras coisas? Tem me feito mais feliz ou triste?

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