Todo começo de ano tenho a mesma sensação. Curioso é que, na prática, esse período corresponde ao ápice do meu cansaço dos últimos 12 meses numa pauleira só, culminando com a maratona das festas de final de ano.
Só que quando os fogos de artifício do dia 31 explodem, o bichinho da animação toma o lugar de todo o peso carregado, de todo o desânimo.
Cadê o cansaço? Não tem.
Cadê reclamação do calor, da falta de tempo, do corre? Não tem.
A geral tá toda feliz, sorridente, gastando o que tem e o que não tem, olhando decoração de shopping e achando verde com vermelho e dourado a coisa mais linda do mundo. Ai, eu acho! A-d-o-r-o!
A gente se emociona com as músicas natalinas, sorri quando vê o Papai Noel fervido naquela roupa toda mesmo sabendo o zero senso que é aquilo em pleno Rio 40graus, mas, todo mundo tá feliz? Tá feliz!
Tem esperança, tem mil e uma promessas, tem lista de t-u-d-o que a gente quer começar, tem trocentos posts com #gratidao #socoisasboas #agoravai e por aí a fora.
Alguém mais aí?
É claro que o efeito disso é emocional (como quase tudo na vida, aliás).
Tecnicamente, a gente dorme e acorda de novo e tudo está igual.
Ninguém nem sabe se dia 1 de janeiro de fato representa ‘ano novo’ pra valer, vide as religiões que não consideram esta data como início algum.
Energeticamente, temos a força da mentalização coletiva e seu incrível poder de transformação levantando o ar, trazendo uma alegria esfuziante para tudo que é lado, entre a galera que comemora o ‘ano novo’ em tantos países.
Dias depois … Quem teve recesso ou folga, volta ao trabalho; mesmas pessoas, mesmo trajeto, mesmos hábitos e aquela explosão de entusiasmo começa a ratear que nem tanque de combustível nas últimas gotas.
Gente, por quê?
Vocês já repararam que até isso virou hábito? Virou hábito se permitir a rotina/ o comportamento que a gente SABE que não quer!
O problema é nossa subserviência à acomodação
Está na mão de quem a mudança da SUA vida? Quem é que está aí, olhando a tal da lista, e mexendo um palitinho por dia que seja, para que ela chegue ao final do ano com mais linhas riscadas do que a lista do ano passado?
Talvez o problema não seja tanto fazer lista estilo missão impossível. Porque, mesmo que eu peça algo super longe da minha realidade, posso manifestar alguma coisa deste sonho gigante para chegar o mais próximo possível da meta desejada, até o final do ano, o que também já vale demais, não? Metas longe demais da nossa realidade podem ser fragmentadas e trabalhadas e atingidas. Existem inúmeros exemplos disso, no mundo todo. Porque cargas d´água você não poderia fazer parte do grupo dos que conseguem?
Atenção: se você respondeu mentalmente à pergunta, pare e pense: por quê?
O problema é nossa subserviência à acomodação, por mais chata que ela seja.
Tem gente que tem medo mascarado de afazer, medo mascarado de atribulação, medo mascarado de dor, mas é tudo medo. De arriscar, de mudar, de parar de reclamar! Pasmem: tem gente que se ficar sem problema pra reclamar, não saberia viver…
De fato, aparentemente, é mais fácil projetar o problema em qualquer coisa fora da gente. Só que isso é ilusão. Uma hora, sua vida cobra.
Portanto, meu desejo de feliz ano novo para você não vem apenas em 1 dia ou no primeiro mês.
Desejo que você tenha feliz vida nova todos os dias deste ano novo.
Se for hoje o dia do ‘respira fundo, vai com medo mesmo, mas vai!” que seja!
Sabe aquele clichê “Está nas suas mãos fazer uma nova vida a partir do agora”? Pois é.
Feliz dia novo pra você.