A paternidade pelo olhar… dos pais

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Tudo que envolve o universo de pais e filhos tem a rica experiência de dois lados: o materno e o paterno e, felizmente, graças a todas as evoluções que nosso mundo vive permanentemente, as funções de cuidar e nutrir, educar, acompanhar e conduzir estão cada vez mais divididas, mescladas e compartilhadas.

Foi esta palavra aí em cima, em negrito, que fez com que dois amigos criassem um projeto voltado à temática da paternidade, pela ótica dos… pais: o De Pai para Filho.

Conheci o blog De Pai Para Filho numa dessas ocasiões que a internet nos traz. Foi em uma lista de comentários de um post da Mariliz Pereira Jorge no FB (eu tenho hábito de ler t-o-d-o-s os comentários antes de deixar o meu, isso evita repeteco de frases e poupa o tempo da galera).

Acessei o blog dos Albertos (sim, 2 autores e ambos Alberto-s), curti o conteúdo e entrei em contato com o Garcia.

Trocamos ideias, falamos sobre nossos projetos e pensei “Seria bacana ter um colaborador pro blog falando sobre essa temática da paternidade, pela visão do pai”. Aqui, temos público feminino e masculino e sei que parte da turma que nos acompanha tem filhos. Então, por que não?

Propus a ideia ao Alberto e recebi um sonoro SIM, na hora. Portanto, é com muita alegria que apresento a vocês nosso novo colaborador aqui no blog, Alberto Garcia e, para todo mundo conhecê-lo melhor e, claro, entender o que é o projeto DPPF, fiz um bate-bola com ele:

Cris: Quem é você, AlbeRRRto? 😉

Alberto: Carioca, botafoguense, pai de um meninão de 4 anos e separado com guarda compartilhada há 2 anos e meio. Sou formado em Jornalismo e trabalho como editor de livros desde 2008 e, agora, respondo ainda como coautor do blog De Pai Para Filho, em parceria com meu xará, Alberto Oliveira. No blog, tento passar um pouco da experiência de ser um pai muito presente desde que meu pequeno nasceu e, com isso, fazer com que mais homens compartilhem a criação dos filhos – sejam eles enrolados, casados, separados, viúvos ou qualquer outro estado civil em que se encontrem.

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Alberto Garcia, coautor do De Pai para Filho

No post de abertura do blog, vocês levantam a questão do (des) preparo masculino em assumir o papel na criação dos filhos. Vocês de fato acham que a maioria dos homens quando se vê diante desta situação entra em parafuso? Se sim, por quê?

Ao meu ver entrar em parafuso não seria a expressão mais correta. Acredito que a maioria dos homens se sente perdida pois ainda acha que a parte de cuidar dos filhos não cabe a ele.

A participação do pai não é ajudar a mãe mas dividir as tarefas. Tanto de casa, quanto de criar os filhos. Isso tudo ainda é potencializado quando o casal se separa e o homem se vê sozinho com um ou mais filhos. Eles precisam estar cientes de que da mesma forma que o papel das mulheres mudou muito dentro da sociedade, o do homem também precisa mudar. E todos precisam ajudar para que isso realmente mude.

Por isso ainda convivo com algumas expressões de incredulidade quando falo que moro sozinho e que o meu filho vive em guarda compartilhada. Daí preciso responder perguntas do tipo “quem faz a comida na sua casa?”…

Só pra constar, essa pergunta foi feita por uma mulher, o que evidencia o quanto ainda precisamos evoluir como um todo.

O blog começou por uma inspiração, certo? O que mais vocês pretendem com ele?

Certo, Cris. O blog é fruto de uma vontade a mais da gente com relação a esse assunto. Textos meus e do meu parceiro de blog, Alberto Oliveira, ficavam soltos nos nossos perfis pessoais do Facebook.

Daí surgiu a ideia de juntar isso num lugar só, de onde a gente poderia levar a tal inspiração para mais gente, principalmente pais “perdidos” que desejassem fazer mais por seus filhos, mas não soubessem como. E a ideia sempre foi essa, humildemente levar a nossa (pouca) experiência para quem quiser nos ler e quem quiser absorver isso.

Quem é o público de vocês, hoje? Já dá para ter uma ideia de quem está ali?

Hoje ainda estamos atingindo os nossos amigos e amigos dos amigos. Estamos no ar apenas desde dezembro de 2015 e ainda iniciando isso tudo. Mas nossos textos são carregados de exemplos e servem para quem tem contato com as crianças – pais, mães, avós, avôs…

Meu primeiro texto no blog falou da chegada do meu filho. Fiz uma narrativa simples e direta sobre isso. A ideia era que as pessoas se lembrassem de quando estiveram nessa situação e se sentissem bem. Foi publicado um pouco antes do Natal e tinha um certo simbolismo com a data.

O resultado foi que várias pessoas comentaram – em aberto ou inbox – que tinham lido o texto e chorado por lembrar dos momentos que passaram quando tiveram seus filhos – a maioria mães. Então vi que os textos poderiam tocar quem estivesse lendo e não só pais (ou futuros pais) que quisessem entender o que aquele momento significou na minha vida.

Como tem sido o feedback dos leitores (pais) à iniciativa de vocês, em criar um espaço que fale de paternidade pelo ponto de vista paterno e não materno?

A maioria das pessoas que dão retorno sobre o assunto é de mulheres que já são mães. Os pais ainda são poucos, mas também deram uma primeira impressão positiva sobre o blog. O fato de, hoje, o blog ainda ter seu público formado por amigos e conhecidos não atrai tanta estranheza pois quem nos conhece sabe do papel que temos junto aos nossos pequenos.

Mamães interagem muito com vocês?

Sim. Elas ainda são as que mais interagem. Talvez por conta da visão de que quem precisa se preocupar com os cuidados com os filhos… Mas estamos tentando dar a nossa contribuição para que isso mude.

Em dois textos em particular que a interação foi bem grande. O primeiro foi um que, motivado por uma matéria da TV, escrevi sobre uma menina que sumiu numa festa da escola e, cerca de 20 minutos depois, apareceu morta dentro da própria escola. O segundo foi do meu parceiro, Alberto Oliveira, quando ele citou o caso de um pai separado que pouco ligava para o seu filho e deixava tudo a cargo da mãe, sem sequer telefonar para o menino. Ambos os textos mexeram muito com as mães e elas comentaram, compartilharam e conversaram conosco.

O projeto, hoje, é tocado a 4 mãos. Vocês têm planos para o blog ou pretendem seguir com suas carreiras e levá-lo apenas como aquele lugarzinho online para ‘colocar os pensamentos’?

Hoje a ideia é ir mantendo ele dessa forma. Propagar nossas experiências e dar uma pequena contribuição para que as pessoas que atingirmos repensem a forma de agir com seus pequenos. Mas já pensamos em fazer algo maior, caso a resposta cresça. Depende mais da resposta que tivermos com o que escrevemos para podermos nos dedicar mais ao projeto.

Quais são os temas que mais geram essa interação de vocês com os leitores?

Temas que mexem com a relação pai-filho (ou mãe-filho) são os que mais deram retorno de interação. A menina assassinada em Pernambuco, o pai que se separa e torna-se completamente ausente, um texto importante sobre a alergia/intolerância ao leite de vaca (APLV), duas entrevistas que fizemos sobre alienação parental e sobre merenda na volta às aulas com profissionais dessas áreas, um texto sobre ser pai/mãe perfeito e também a narrativa da chegada do meu pequeno. Lidar com isso ainda toca mais do que os outros assuntos, embora todos sejam importantes e, ao nosso olhar, necessários. Acho que esses pais e mães se veem ali naquele texto e interagem com a gente de alguma forma.

Albertos, sejam super bem-vindos ao blog Cris Cardoso! E, turma, quem tiver dúvidas ou quiser trocar ideia com os meninos do De Pai para Filho, teremos conteúdos exclusivos e mensais aqui no blog. Além disso, visita é sempre feliz na casa, né? Então, link para o De Pai para Filho, aqui!

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